Quando olho para trás, vejo apenas uma mulher insegura e com medo, que
perdeu a sua inocência de criança e o seu brilho de menina. Uma mulher que
pautava suas decisões e “desejos” em um único pensamento “O que as pessoas vão
pensar de mim?”. Entre essas pessoas estavam a minha mãe, minhas irmãs, minha
família, colegas de trabalho e os meus amigos, resumindo de forma prática: O
MUNDO. E com tudo isso, acreditava que tomava as decisões corretas e que era
uma pessoa feliz. Quanta mentira e enganação...
E num dado momento, prevendo ou não a crise que se iniciaria na minha
vida, procurei ajuda, clamei por socorro, me sentia perdida e precisava de
forma desesperadora me encontrar. Hoje, essas lembranças são fortes e remotas
ao mesmo tempo, pois pouco me reconheço naquele trapo de mulher que me tornei.
E essa ajuda, literalmente me salvou, pois eu pude adormecer, morrer, renascer
e viver novamente... A transformação foi de mulher trapo para
uma mulher loba.
Quem lê, deve pensar “Dormiu, fechou os olhos e acordou outra?”, mas
quando foi que eu disse que foi fácil? Primeiro, precisei reacender uma coragem
que antes não existia, afinal precisava enfrentar todos os monstros que me
assombravam e no dia que decidi que seria exatamente isso o que eu faria,
tatuei a pele com a palavra “Liberdade”. Assinei e registrei o meu compromisso
comigo mesma, precisava ser livre. Livre de dores, de julgamentos, de amarras,
de algemas. Precisava resgatar e libertar o meu próprio eu.
Aos trancos e barrancos, fui resgatando o meu amor próprio, descobrindo
o que eu não queria e logo depois descobrindo os meus maiores desejos.
Revisitei sonhos, reformulei todos eles, ficaram apenas os meus maiores
desejos. Nesse caminho aprendi a não agradar quando esse não era o meu desejo,
a dizer não, a ser quem sou, a fazer o que desejo e o melhor sem a bendita culpa
que tanto me atormentava. Não me tornei alguém inconsequente, que não respeita
as leis humanas. Tornei-me alguém livre do pensamento “O que as pessoas vão
pensar de mim?”, alguém livre dos tabus e regras desnecessárias implantadas por
alguém que acredita que apenas a sua verdade existe, chega de me preocupar se
sou gordinha, se tenho que me vestir assim ou assado, se preciso estar na moda,
se tenho que prestar concurso, se tenho que ser o orgulho de alguém. Chegou a
hora de decidir por mim o que quero ser.
Não pense que nesses momentos de descobrimento e reformulação eu não
senti medo, na verdade foi o que mais senti e fui descobrindo nesse meio tempo
que só sente medo quem tem coragem. A cada pensamento de “eu vou desistir”,
lembrava-me do meu compromisso comigo mesma.
E nesse caminho, tiveram acertos e erros, teve medo e coragem, teve
culpa e libertação, teve choro e teve riso, teve desprezo e atenção, teve
perdas e teve ganho, tiveram partidas e tiveram chegadas, tiveram abraços,
tiveram beijos e no fim fiz a minha maior descoberta: além de me amar, sou
amada pelas pessoas do MEU MUNDO!
** Texto escrito no dia 06 de novembro de 2013